Refúgio em Ziclague

“Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os seus homens ao terceiro dia a Ziclague, já os amalequitas tinham invadido o sul, e Ziclague, e tinham ferido a Ziclague e a tinham queimado a fogo.
E tinham levado cativas as mulheres, e todos os que estavam nela, tanto pequenos como grandes; a ninguém, porém, mataram, tão-somente os levaram consigo, e foram o seu caminho.”
1 Samuel 30:1,2



Repudiado e perseguido por Saul, Davi foge para salvar sua vida. Mas, ressentimento e medo obscurecem seus pensamentos e sentimentos. Desorientado, busca refúgio aonde não deveria e encontra proteção e apoio entre os filisteus, os maiores inimigos de Saul. Mas, inimigos também de todo o Israel, inimigos do povo de Deus. Os filisteus aceitando acolher Davi lhe dão por moradia uma aldeia chamada Ziclague. O lugar não era bom. Não havia pasto para as ovelhas, nem campos apropriados para o trigo. Agora este era o novo lar de Davi. Não havia escolha.

A palavra sagrada descreve, passo a passo, a dolorosa derrota espiritual de Davi. Em Ziclague, ele passa a viver do saque, da violência e da mentira. Entretanto, com o tempo, a impiedade transtorna cada vez mais sua vida e aprofunda o abismo que separava de Deus a ele e seus homens.

Certo dia, os filisteus decidiram subir novamente para a guerra contra Israel. Davi, chega ao fundo do poço de  sua queda espiritual, moral e intelectual. A vida não fazia mais sentido para ele. Nada mais fazia sentido. Dispõe-se para a luta nas fileiras do exército filisteu. O ódio dominava seus pensamentos e seu coração. Decidiu então, ir para a guerra contra Israel, mas na verdade, estava em guerra contra si mesmo e os seus. Muito provavelmente, cansado de uma vida sem esperança, queria matar e morrer em batalha contra os seus.

Entretanto, por desígnio de Deus, seus planos são frustrados. Os desconfiados príncipes dos filisteus repudiam sua presença no campo de batalha, temerosos de que ele pudesse traí-los no ardor da luta. Davi volta humilhado para Ziclague, onde algo terrível o aguardava. Nômades da tribo dos amalequitas haviam atacado e saqueado a aldeia. Destruíram tudo e levaram o que puderam consigo. Esposas, filhos e filhas, também foram levados para serem vendidos como escravos, assim como todos os seus bens e gado. Enfim, nada restou.

Davi e seus homens choraram. Muito, até não terem mais forças para chorar. Tudo estava irremediavelmente perdido. Os graves erros e o mal haviam contaminado e transtornado de forma aparentemente irreparável, a vida daquele homem e de seus companheiros. Os saqueadores assaltaram um homem muito fragilizado pelo pecado. Sempre haverão saqueadores investindo contra aqueles a quem o pecado enfraquece. 

Mas, naquele momento de desesperança, Davi se lembrou de seu Criador e sinceramente arrependido, buscou auxílio em Deus. Encontra, como o filho pródigo da parábola, o pronto perdão do Pai. E o perdão de Deus o revigora. Reanimado e buscando auxílio e orientação no Senhor, Davi, então, se põem imediatamente no encalço do que é seu.

Durante a apressada busca, eis que encontram no caminho, um homem doente, caído no deserto, onde fora deixado para morrer. Apesar da urgência, Davi interrompe momentaneamente a sua busca para o socorrer. Davi e os seus, que tudo perderam, cuidam daquele pobre coitado. Na sua miséria, encontram recursos para o alimentar e na sua angustia, exercem misericórdia.
O homem era um escravo do bando de Amalequitas que haviam saqueado Ziclague! Recuperado ele indica o caminho que deviam seguir para encontrar os cativos. Em pouco tempo Davi os alcança e liberta.

Aos olhos humanos, a situação de Davi, era irremediável, mas nada é impossível para Deus. 
Nós corremos os mesmos riscos de queda tão perigosa e dolorosa. O jovem e corajoso filho de Jessé, ungido por Samuel, era exatamente como nós, frágil demais. O Senhor entretanto, não despreza um coração contrito. Ao buscar a Deus, foi completamente restaurado. O perdão de Deus não é um perdão parcial ou condicional como muitas vezes, perdoamos. Houve perdão, simplesmente. Completo e total. Houve cura e restauração completa.
Assim, aqueles homens recuperaram seus filhos, suas filhas e esposas. Ao se firmarem na Rocha de sua fé, resgataram sua dignidade, suas famílias, suas vidas. 

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